Reivindicando reajuste de 4% além do INPC, trabalhadores terceirizados de asseio e conservação aprovaram indicativo de greve e podem paralisar atividades, se não houver acordo até 8/3

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Em uma assembleia lotada, que precisou sair do auditório do sindicato para ocupar o cruzamento da rua São Paulo com a rua Alfredo Salgado, no Centro de Fortaleza, os trabalhadores e trabalhadoras terceirizados de asseio e conservação, representados pelo Seeaconce, aprovaram por unanimidade indicativo de greve.

Após realizar quatro rodadas de negociação com o sindicato patronal, sem qualquer avanço, os trabalhadores representados pelo Sindicato dos Empregados em Empresas de Asseio e Conservação, Locação e Administração de Imóveis Comerciais, Condomínios e Limpeza Pública do Estado do Ceará (Seeaconce) decidiram consensualmente, na assembleia, entrar em greve a partir de 8 de março, se não forem atendidos na reivindicação de reajuste real de 4% além do INPC. A assembleia foi transmitida ao vivo pelo Instagram do Seeaconce.

A categoria também luta pela manutenção dos atuais direitos previstos em convenção coletiva e por avanços em alguns deles. O sindicato patronal, Seacec, oferece apenas correção salarial pelo IPCA, em percentual inferior ao INPC, e sem reajuste real, o que diminui poder de compra e prejudica diretamente os trabalhadores de asseio e conservação, muitos dos quais atuantes em escolas, hospitais, unidades da Cagece e vários outros órgãos e instituições responsáveis por serviços públicos, além de inúmeros estabelecimentos da iniciativa privada.

Desde os últimos meses de 2022 os trabalhadores estão em campanha salarial, tendo realizado nas última semanas um calendário intenso de visitas diárias aos locais de trabalho, convidando e mobilizando a categoria para a assembleia da noite desta quarta-feira. O grande encontro de trabalhadores e trabalhadoras foi estratégico para a luta por reajuste salarial real e por melhorias em direitos e benefícios, previstos em diversas cláusulas da convenção coletiva a ser assinada entre o sindicato laboral e o sindicato patronal.

O sindicato Seeaconce também já se reuniu com o Governo do Estado, expondo que os patrões tentam repassar à gestão estadual a responsabilidade por não concederem o reajuste. Argumentam que o governo, o maior contratante de trabalhadores terceirizados de asseio e conservação, reajusta os valores de contratos de terceirizados apenas pelo IPCA, por uma portaria do Cogerf, o Conselho de Gestão Fiscal e por Resultados, do Estado. O governo marcou nova reunião com os trabalhadores para a próxima quarta-feira, 15/2.

“As negociações não estão fáceis. Essa direção já sentou quatro vezes em reunião com os empresários. Eles só querem oferecer o IPCA. Trabalhadores da primeira até a quinta faixa vão ficar ganhando só o salário mínimo, se for pelo IPCA sozinho, como os patrões querem. O salário mínimo ultrapassou o salário da primeira faixa, da segunda faixa. A gente precisa passar essas informações. É o sindicato, nessa luta juntamente com a categoria, que consegue aumento salarial na data-base, vale-refeição, reajustar a cesta básica”, destacou, na assembleia, Penha Mesquita, presidente do Seeaconce. “Mas quem consegue isso não é só a direção do sindicato. São os trabalhadores, unidos e mobilizados”.

“Não vamos deixar que os empresários retirem um centavo sequer do nosso plano de saúde, da nossa cesta básica, do nosso vale-alimentação. Queremos reajuste, e não que seja retirado o que já temos”, enfatizou Penha Mesquita, sobre outra divergência com o sindicato patronal, quanto ao plano de saúde dos trabalhadores de asseio e conservação, outra conquista garantida pelo sindicato mas atualmente ameaçada por resistência dos patrões em manter esse direito.

A campanha salarial do Seeaconce continuará, assim como as negociações, tentando chegar a um acordo até 8 de março, data-limite apontada na assembleia para o início de greve.