“Seguimos resistindo e defendendo direitos”. Confira entrevista com o presidente do SEEACONCE, Josenias Gomes

O SEEACONCE dá continuidade à série de entrevistas com integrantes da Diretoria do Sindicato, em uma retrospectiva da atual gestão. 

 

Confira entrevista com o presidente do Sindicato, Josenias Gomes, sobre as ações realizadas pela atual gestão e sobre o atual momento da luta em defesa dos direitos dos trabalhadores. Fala, Josenias!

 

 

Qual o balanço até aqui da gestão do SEEACONCE neste período que, além da luta em defesa dos direitos trabalhistas todos os dias, incluiu a resistência ao Governo Bolsonaro, à inflação, ao desemprego e um desafio inédito, com a pandemia?

 

Desde a criação do Sindicato, há 33 anos, todas as gestões foram marcadas pelos desafios crescentes, que sempre exigem luta cotidiana, sem trégua, para manter os direitos já conquistados, para ampliar e fazer respeitar esses direitos. Mas a atual gestão é, de longe, a mais desafiadora, a mais difícil, em todos os aspectos.

 

O início desta gestão, em 2018, se deu já sob os efeitos da Emenda Constitucional No. 95, de 2016, que congelou os investimentos sociais por 20 anos. Além disso, a lei 13.467/2017, que reduziu os direitos trabalhistas de forma nunca vista, tentou retirar a proteção sindical e estrangular financeiramente os sindicatos, tentou esvaziar a Justiça do Trabalho.

 

Em 1o. de janeiro de 2019 teve início o período mais triste e difícil da história dos trabalhadores, com Bolsonaro na presidência, jogando o País no abismo social, econômico, político e sanitário. Um pesadelo jamais imaginado!

 

Como se tudo isso não bastasse, veio a pandemia de Covid-19, que, com o descaso e o projeto negacionista e da necropolítica de Bolsonaro, já levou à morte cerca de 600 mil brasileiros e brasileiras.

 

Bolsonaro trata com absoluto desprezo a vida dos trabalhadores, e ainda faz piada com o sofrimento das famílias, como se para ele quanto mais pessoas morressem, melhor. Cada ato de Bolsonaro é para destruir direitos trabalhistas, destruir a democracia, tentar assumir o poder de forma ditatorial. Sem democracia, perdemos ainda mais direitos trabalhistas, não há dignidade nem valorização do trabalho.

 

Apesar dessas enormes dificuldades, o sindicato, sua direção e os trabalhadores nunca se curvaram, nunca esmoreceram. Continuam lutando bravamente, e mais do que nunca.

 

Como a pandemia impactou nas demandas do SEEACONCE e na atuação do Sindicato junto aos trabalhadores?

 

A pandemia, sobretudo a social, motivada pelo vírus mais mortal que existe, que é Bolsonaro, atingiu profundamente a vida e a luta dos trabalhadores, afetados pelo coronavírus, pelo maior índice de desemprego e de subemprego de todos os tempos, pela inflação crescendo todos os dias e pelas medidas provisórias que rasgam a Constituição, a CLT e todas as leis de proteção ao trabalho.

 

Além disso, a correta necessidade do isolamento social, para salvar vidas, também trouxe dificuldades, diante da omissão do Governo Federal em garantir um auxílio emergencial em valor digno. Vale lembrar que Bolsonaro queria pagar apenas R$ 200,00 na primeira fase do auxílio emergencial. Foi o Congresso Nacional que subiu para os R$ 600,00 em 2020. Depois, Bolsonaro baixou novamente.

 

Tudo virou remoto! Isso dificultou o trabalho do sindicato, de fazer com a mesma eficiência aquilo que sempre foi sua grande marca: manter presença, apertar a mão de cada trabalhador, olhar no olho e dialogar diretamente.

 

Como o sr. avalia o atual momento da luta e das condições de trabalho para a categoria de limpeza pública. Quais avanços conquistados pelo Sindicato podem ser destacados?

 

Com certeza este é o momento de maior dificuldade da história dos trabalhadores em empresas de asseio e conservação. A duras penas, graças à atuação firme e destemida do sindicato e dos trabalhadores, estamos conseguindo manter o que foi conquistado antes de Bolsonaro e da pandemia.

 

Que perspectivas temos daqui pra frente? 

 

Para vencermos toda a angústia deste momento, é preciso retirar Bolsonaro do poder. Sem isso não conseguiremos devolver os direitos trabalhistas que foram retirados, nem restaurar a dignidade  do nosso povo. É preciso resistir às tentativas de golpe e lutar pelo “Fora, Bolsonaro”, agora e já.