Trabalhadoras terceirizadas, de asseio e conservação, merendeiras, de limpeza pública, entre outras representadas pelo Seeaconce, lotaram o auditório do sindicato na manhã de sábado, 15/3, no evento especial promovido para acolher as companheiras e prestar informações para reforçar a luta pelos direitos trabalhistas, contra o assédio moral e pelo fim da jornada 6×1.
Como mais uma ação para marcar o Março das Mulheres e promover reflexão, ação e mudança, o Seeaconce promove o debate, com foco no tema “8M – Mulheres em luta contra a jornada 6×1. Por vida além do trabalho”, ponto que ganhou as ruas de todo o País também no último 8 de março, incluindo grande manifestação com paritcipação do Seeaconce, pelo centro de Fortaleza.
Penha Mesquita, presidente do Seeaconce, destaca que o sindicato apoia a campanha 6×1, por entender que essa é uma questão essencial para a vida das mulheres. Muitas enfrentam jornadas exaustivas, acumulando trabalho profissional e doméstico, o que compromete sua saúde, lazer e tempo com a família. Precisamos discutir esse tema e buscar mudanças que garantam mais qualidade de vida e equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. Daí atividades como a deste sábado”, ressaltou a dirigente sindical, agradecendo pela presença de todas e parabenizando a especialista convidada, dra. Ervanis Brito, auditora fiscal do Trabalho, chefe do setor de Segurança e Saúde do Trabalho da SRTE/CE, pela abordagem, em sua fala às participantes do evento, de temas fundamentais sobre a jornada da mulher no trabalho e na vida, tratados de forma leve, clara e participativa.
O encontro foi aberto com um café da manhã, entrega de brindes especiais em uma sacola personalizada, sorteio de prêmios como kits de perfumes e produtos de beleza e higiene, ventiladores e uma TV, além de muito acolhimento e de troca de experiências, na defesa dos direitos das trabalhadoras, que mais uma vez apresentaram denúncias que se somam às diariamente apuradas pelo Seeaconce, quanto a casos de assédio moral nos locais de trabalho.
Dra. Ervanis Brito e a luta por menos tempo de trabalho, mais tempo para a vida
Em sua fala, dra Ervanis Brito destacou um histórico da luta pela redução da jornada de trabalho, detalhando também qual a jornada em diversos países. Ela apontou exemplos como o do Japão, que já estuda uma jornada de 4×3, também movido pela necessidade de aumentar a taxa de natalidade.
Ela também ressaltou que a questão é séria, de saúde pública, com forte incidência de adoecimento psíquico por excesso de trabalho, levando em casos extremos ao burn out (esgotamento total, atingindo todas as dimensões da pessoa, não somente no trabalho, mas também na vida social, familiar etc), e até a suicídios. E destacou como o excesso de trabalho, inclusive o invisibilizado e não remunerado, pesa mais sobre os ombros das mulheres, devido ao machismo estrutural e à falta de efetiva participação de muitos homens na enorme carga de trabalho dos cuidados com a casa, com os filhos, com a família. Uma realidade que precisa mudar!
Dra. Ervanis também citou o movimento “Vida Além do Trabalho”, que vem ganhando cada vez mais força no Brasil, enquanto se luta pelo fim da jornada 6×1. E advertiu que não basta diminuir o número de dias de trabalho; é também preciso fiscalizar a carga de trabalho, para que a trabalhadora e o trabalhador não sejam penalizados com o desafio de trabalhar mais horas por dia, mesmo em número menor de dias.
“A gente tem que estar de olho não só no número de horas de trabalho, mas na carga de trabalho que é colocada pra gente. Também por isso os sindicatos são tão importantes. Podem me chamar sábado, domingo, que eu venho. Fico muito feliz de ver o sindicato firme e forte, mesmo depois da reforma trabalhista. Participem da vida sindical! Isso é fundamental! É a ferramenta de defesa dos seus direitos”, ressaltou.