Março de lutas: mulheres pelo fim da jornada 6×1
Não é preciso falar muito para dizer das consequências de uma jornada de trabalho tão extenuante, desse estado permanente de alerta, de responsabilidade, de obrigação, compartilhado por mulheres em todo o Brasil
Penha Mesquita
Articulista. Presidente do Seeaconce
Entre tantas lutas, as mulheres chegam a este março em 2025 levantando mais uma bandeira: a do urgente fim da jornada de trabalho 6×1. Entre tantas e tantas demandas, para as mulheres ela implica, na prática, uma jornada 7×0.
Isso mesmo! Absolutamente nenhum dia de descanso ou de dedicação a outras necessidades. Situação ainda mais grave em categorias como as de limpeza pública, asseio e conservação, terceirizadas em geral, que enfrentam imensos desafios todos os dias.
Não é preciso falar muito para dizer das consequências de uma jornada de trabalho tão extenuante, desse estado permanente de alerta, de responsabilidade, de obrigação, compartilhado por mulheres em todo o Brasil. Como ficam o tempo para o lazer, para o estudo, para a alegria, para o sonhar, para ser feliz?
Inviável, infelizmente, para a maioria das trabalhadoras, que ganham muito pouco, trabalham muito, perdem muito tempo em deslocamento até o trabalho e precisam cuidar de filhos, pais e mães idosos, entre outras demandas de uma sociedade ainda marcada fortemente pelo machismo estrutural. O que implica “deixar” com a mulher a maioria do trabalho doméstico, invisível, não remunerado, não reconhecido, aprisionador.
Desde a Constituição de 1988 não temos, no Brasil, uma redução de jornada de trabalho. O mundo em 2025 é outro, mas conserva em muito realidade de diferenças entre homens e mulheres, quanto ao campo do trabalho, apesar da luta por isonomia, apesar da legislação nacional e das ações do Governo Federal em prol de que mulheres recebam o mesmo salário que homens, para funções iguais.
A luta pela aprovação da PEC da jornada de trabalho, proposta pela deputada Erika Hilton, precisa ser abraçada por todos, e ainda mais por nós, mulheres.
Modificar a jornada idealmente para 4×3 ou pelo menos para 5×2 é um passo fundamental para que tenhamos direito a existir em sociedade, como pessoas em condição de realizar suas aspirações, de ter saúde física e mental, de buscar uma vida mais feliz e menos massacrante sob carradas de ocupações.
Lutando contra o feminicídio, o assédio moral e sexual, a violência de várias formas, o desrespeito, a injustiça, as trabalhadoras estão indo à luta por mudanças e para a conquista de mais qualidade de vida.
Juntas, somos fortes. Juntas, somos capazes de mudar essa realidade.