A reforma trabalhista é alvo da pressão do governo de Michel Temer para garantir a retirada de direitos dos trabalhadores, iniciada com a sanção do Projeto de Lei (PL) da terceirização ilimitada. Partidos de oposição e centrais de trabalhadores intensificam as ações nas ruas e na Câmara para que o PL 6787/16 que trata da reforma trabalhista continue sendo debatido assim como a reforma da Previdência. Rodrigo Maia anunciou que quer votar a trabalhista no dia 19.
O governo Temer declarou que a reforma trabalhista é “mais palatável” do que a reforma da Previdência e por esse motivo pressiona pela aprovação na Câmara. O texto da reforma tramita na Comissão Especial em caráter conclusivo, ou seja, se for aprovado será encaminhado ao Senado. O relator, Rogério Marinho, prometeu apresentar o parecer na próxima quarta-feira (12). Mas se depender das mobilizações sindicais,que crescem, Temer terá dificuldades com o PL 6787.
“O processo de resistência está crescendo. A jornada de lutas contra as reformas vem se materializando em diversas iniciativas pelo país com a presença da classe trabalhadora lançando mão de todos os seus instrumentos como greves, assembleias, passeatas, denúncias nas redes sociais. É pressão interna e externa”, declarou Adilson Araújo, presidente da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).
João Carlos Gonçalves, o Juruna, secretário-geral da Força Sindical também destacou as mobilizações que o sindicalismo está fazendo. Segundo ele, um milhão de jornais que esclarecem o conteúdo das reformas trabalhista e da Previdência Social estão sendo distribuídos. Neste final de semana acontecem panfletagens em feiras livres e pontos de ônibus.
“Também é preciso marcação cerrada no Congresso Nacional. O principal é trabalhar o dia 28 de abril e em paralelo dialogar com os parlamentares e mostrar o que queremos e o que não queremos com as reformas. O clima é positivo para o dia 28. As centrais estão em campo e os sindicatos de base também estão envolvidos”, disse Juruna.
A deputada Benedita da Silva (PT-RJ) apresentou requerimento à Comissão Especial que discute a Reforma Trabalhista solicitando mais audiências para debater o PL. Para o projeto ser analisado pelo Plenário da Câmara é preciso que haja recurso de, pelo menos 51 deputados, ou aprovação de requerimento para tramitação em regime de urgência.
O desembargador do Trabalho do TRT do Distrito Federal, Mário Caron, frisou na última semana que o modelo de reforma apresentado pelo governo propõe a destruição do trabalho formal e não atende aos interesses do povo brasileiro, por ser contrário às leis e, principalmente, a Constituição Federal. De acordo com ele, não passa.
Para Caron, a flexibilização da jornada de trabalho proposta nada mais é do que uma forma de baratear a mão de obra. Ele cita como exemplo, os vigilantes que tem jornada 12 por 36, mas que na verdade têm dois empregos para manter a família.
“Então trabalham todos os dias e não apenas um e folgam outro como muitos pensam. Infelizmente, o trabalhador não tem consciência da exploração a qual está submetido. Nesse caso, ele acha que o importante é trabalhar mais para poder ter mais dinheiro para colocar em casa, mesmo à custa da sua saúde”.
Adilson citou as condições a que estão submetidos os trabalhadores no Japão. “No Japão tem a livre negociação e os sindicatos são fragmentados, tudo o que querem fazer aqui, e tem situações lá que as empresas negociam até 15 horas por dia de hora extra. Não é à toa que lá o índice de karoshi é elevado e leva à morte súbita no trabalho em consequência do elevado estresse, da estafa”, observou Adilson.
Juruna vê o momento como importante para reafirmar junto aos trabalhadores a importância dos sindicatos. “O trabalhador vai ver quem está ao lado dele e daí pode vir a participar do sindicato e da luta pelas melhorias nas condições de trabalho e contra a precarização”, disse.
Fonte: Portal vermelho.org.br